Fim de verão

Gosto de subir as escadas e ver os peixes e as alforrecas, as algas e as cascas dos crustáceos no fundo do mar; ficar mais longe do azul do mar e mais perto do azul do céu.
Posso ver cá de cima quais os peixes que estão tristes e choram (é por isso que o mar é salgado) e mando-lhes flores.
Acho que no fundo estou-me a despedir do verão; ainda não acabou mas já estou com saudades.

Era uma vez

Eram muitas vezes, muitos meninos chamados João. Mas quero "indivisualizar" um. Ele desgostava muito de não brincar com os outros meninos.
Incerto dia, ele decide ser grande, pois as pessoas grandes não brincam, não têm tempo para essas infantilidades.
- toda a gente sabe, que para ser grande é preciso ter projectos e criar rebentos.
Este João, apaixonou-se, desapaixonou-se, cresceu no corpo em pêlos e peles, descresceu no querer... e desviveu feliz para sempre. Dizem que para ser feliz é preciso ter sido infeliz; para haver termo de comparação. O João não sabe ao certo se é grande.

Corografia do Algarve V

o texto que era para ser:

A vida na grande terra
corrompe a humanidade
Entre a cidade e a serra
prefiro a serra à cidade.

António Aleixo


o texto explicativo:
A Corografia do Algarve é um conjunto de fotografias que tem como elo de ligação o Algarve e a poesia.


o texto abrutalhado:
Estava um calor do cacete, no meio daquelas serras labirínticas (nunca consigo fazer o mesmo caminho duas vezes, já quando vou para a Pampilhosa da Serra é a mesma coisa), até que se deu o cabrão do clique.


o texto lúdico:
Enchi a mochila com máquina, rolos e comida, de manhãzinha, e fui serra adentro com poemas na cabeça; vou fotografar estes poemas. Confesso que o mais fácil foi o do António Aleixo (não sou nada apreciador deste poeta), e do fácil saiu uma coisa que eu gosto. Continuei serra acima, acabei o dia com alguns cliques. Foi lindo.


o texto técnico:
Foto lavrada a 5.6 fm, 1/30 seg, Kodak ultra light, Nikon turbo pix, flash Gordon, fotometro TDI, bolsa Armani, calças Levis, Toyota Corola.


o texto Stravinskiano:
Num dia estrondoso, magnífico, um dia maior que o mundo, um momento, uma dádiva, ofereceu-me a natureza o privilégio de desenhar com a luz este clique.

o texto do contra:
Então mas tanto clique, tanta espera, tanta concentração, estavas com medo que a paisagem fugisse? Aquilo, podias ir de manhã ou de tarde que as árvores estavam lá na mesma. E essa mania de que a luz é diferente ao longo do dia... luz é luz. Aliás a minha Cybershot capta isso tudo com muito menos trabalho. Melhor ainda, quando quero fotos a sério, vou ao google. E já agora... não me leves a mal, mas falta cor nas tuas fotografias.

o texto podia ser do Aleixo:
Gosto da fotografia analógica
e também da digital
mas entre a Digital e a analógica
prefiro a analógica à digital.

Corografia do Algarve IV

De pedra e cal são
Os labirintos brancos
E a bravura do sal
Sobe pelas escadas

De pedra e cal a cidade
Toda quadriculada
Como xadrez jogado
Só com pedras brancas

Sophia de Mello Breyner Andresen

Happy End?

O Marco encontrou a mãe. Após anos de tortura e sofrimento, Marco actualmente com 49 anos encontrou finalmente a mãe (ela já estava tão velhinha que já não conseguia fugir).
O Calimero casou com a abelha Maia. A Heidi cagou para o Pedro e juntou-se com a Candy e são muito felizes. E os espanhois também.
Que mania de impor aos outros ideias e formas de vida, afirmar o que é normal e o que deixa de ser normal. Como se normal fosse o universo de cada um.
Citação de um maníaco com desordens bipolares:
"até posso aceitar e compreender as anormalidades sexuais de cada um... infelizmente há homens e mulheres que sofrem desta doença (HOMOSEXUALIDADE),que não tem cura... mas daí até legalizarem o casamentos entre estas pessoas ...tenham juizo! por favor,PORTUGAL está podre! não deem ideias para o apodrecer ainda mais!!!o estado devia era legalizar o combate à pobreza ,à droga,à prostituição ,etc etc"
PAULO CASTANHO in www.correiomanha.pt
Oh, senhor Paulo Castanho, porquê que não vai tomar Depakote?

Para o bem da saúde

O Malato foi trabalhar para a TV Globo e já não volta. As touradas já só se vêm na Sic Gold. As ideias do Socrates já se encontram à venda nas versões fluxo normal e fluxo ultra. O último sucesso do Emanuel oferece duas caixas de Ultralevur. Os discos do Toy só podem ser adquiridos com atestado médico. As barracas amontoadas nas praias ajudam a proteger as dunas. O Dr. Vitor Constâncio há uns tempos aumentou o seu próprio vencimento... que azia. Durão Barroso disse: "Irei esta semana para a cimeira do G8 em Gleneagles levando comigo um pouco de terra africana.", ao que Armando Guebuza terá respondido:"deves andar a tomar Depakote...".

modas automobilísticas

Houve uma altura em que víamos autocolantes nos carros, a penélope, o coelho da playboy, frases esclarecedoras quanto ao clube ou comportamento sexual do condutor.
Os Cd's pendurados no retrovisor também enriquecem muito o ambiente dos automobilistas.
Agora são os coletes reflectores, que forram os bancos dos condutores, dando um "look" único àqueles que fazem do seu automóvel um prolongamento do seu pénis.
São coisas que me ultrapassam.

O assobiar dos pedreiros

Nas obras em frente, ao lado e atrás da minha casa, já cumpriram a primeira etapa da construção de vivendas e prédios. A fase dos martelos pneumáticos, rebarbadoras e outros sons pesados. Agora está a passar por uma fase mais soft. O assobiar dos pedreiros. Assobiam melodias populares, parecem alegres e encantados com a vida. Sabem e partilham as mesmas pautas. Esse mesmo reportório também pode ser presenciado em algumas oficinas automóveis. O funcionário muda o óleo ao nosso carro e oferece-nos uma "linda" melodia, assobia com pequenas paragens (devem ser momentos que necessitam maior concentração no ofício), voltando logo de seguida com mais um excerto de um grande sucesso popular.
Não sei quando o assobio foi extinto. Não foi noticiado. Ninguém fez campanha contra a extinção. Não deu na SIC. Ou será que já existe o Museu do Assobio? De qualquer maneira, nem sei por que me lembrei disto agora. Talvez seja porque é segunda-feira e já é tarde. Ou porque não tenho nada melhor para escrever. Para assobiar, nem pensar.

ver se chove

O Homem extinguiu o Raphus Cucullatus, o Raphus extinguiu a larva-mineira, a larva extinguiu o musgo-montês... não há ninguém que extinga o Bush?
Sei que não se devem extinguir espécies, me perdoem as associações afins.
Mas se o Bush fosse extinto, o quê que perdiamos? Guerras inúteis, poluição paga pela economia, penas de morte pagas pela mente quadrada desse e mais meia dúzia de mentecaptos, e mil e outras atrocidades contra a Humanidade.
Ok, que não se extinga o bicho ou bush ou lá o que é, mandem-no para uma lua ou um planeta distante (quanto mais melhor).
Ele que vá lá ver se chove.

opiniões

desvirginação

"odeioblogs já existia - tive que lhe chamar odeioblogues.
que paciência!
e que atrevimento, obrigarem-me a criar o que não quero simplesmente para ter o direito de comentar outros blogs - ou blogues - já existentes!
e que ridícula, esta mania agora, tão auto-masturbatória, de colocar online uma espécie de diário pessoal...
bem digo, odeio mesmo esta coisa."

Anabela Moutinho


Este post não era dirigido a mim, mas achei piada...
Minha amiga, só bloga quem quer.
Beijinhos cineclubistas.

Ass: um admirador incondicional.

casa branca

Uma casa branca portuguesa, com certeza...
Nesta casa vive um homem e dois cães, rodeados de patos, flamingos, garças, trutas e animais afins.
De cinco em cinco minutos ouve-se a natureza.
Rodeados de salinas, água salgada e outras maravilhas da Ria Formosa.
Nas épocas menos sazonais, dá para ouvir a natureza mais tempo...
O aeroporto fica logo ali ao lado...
De cinco em cinco minutos, passa ali um avião que vai aterrar já ali ao lado.
Eu não gosto de aviões e eles não gostam de mim.

pode ser preto...

Fiquei ausente, por culpa do modem, por culpa do sapo.
O modem tinha dois meses e pifou. Na reclamação, só trocavam por um modem novo, se tivesse a caixa (a embalagem). Não tinha, levava tudo num saco.
- se tivesse caixa a "gente" trocava por um novo...
- e agora?
- agora, envia o modem para cabo ruivo, morada xpto e daqui a um mês já está
- um mês?...então, mas o quê que eu faço sem internet? o que vai ser da minha vida?
- compre um papagaio e ensine o bicho a falar
- então mas eu agora estou habituado aos kbytes...
- dê-lhe alpista e sementes de girassol...
- ou me dão um modem novo, ou eu parto esta merda toda
- ah, porquê que não disse logo que queria um modem novo? tem preferência pela cor?
- pode ser preto.

Corografia do Algarve III

Quando se caminha assim, quase volante,
a terra amiga e lenta,
no calor forte,
com a fronte do alento perfumada
ardente entre as searas?

António Ramos Rosa

Educação Física

Ele é futebol, andebol, basketbol, e tudo o que acabe em ol.
Ele é extensões, distorções, abdominais e contusões.
Ele é dança ritmica, acrobática, argentina e sei lá que mais...
Qualquer dia aprendemos em educação física a coser um botão, a fazer um folar , a mudar os segmentos de um motor. Saber fazer tudo, como antigamente, em que quem fazia o fogo, também estrumava os vegetais com os restos da caça que tinham passado pelo fogo e pelo estómago.
Neste momento a educação física conta para a média. Neste momento quem for obeso, quem for menos apto (menos de 40 kilos e mais de 60), está com a nota seriamente comprometida.
Se tens mais de 15 anos, menos de 60 kilos, queres ir para a universidade, é esbelto e gostas de educação física, inscreve-te no 10º ano.
Qualquer dia, estamos a fazer composições de um determinado desporto, em inglês, e chumbamos a educação física porque somos maus a línguas...

Ass: Professor do professor do tonecas

Corografia do Algarve II

Ó meu ardente Algarve impressionista e mole,
Meu lindo preguiçoso adormecido ao sol,
Meu louco sonhador a respirar quimeras,
Ouvindo, no azul, o canto das esferas.

João Lúcio

Baco

Prometo que é a última vez que falo nos meus cães.
Falta-me falar do terceiro e último cão, o Baco.
Ontem ele virou-se para mim e disse: ouve lá, então e eu não entro no teu blog?
E eu disse ouve lá, mas tu não tens nada de interessante para eu escrever.
- mas sei lá, podias dizer que eu sou um pastor alemão muito bem parecido
- isso não chega...
- e que eu aprendi a sentar e dar a patinha em três dias
- é banal
- e que caço pássaros
- bem, mas qual é piada de um pastor alemão caçar pássaros?
- ok, ok, podias mostrar aquelas fotos em que eu te lambia a cara, e te ladrava, e te rasgava as calças e a paciência, e me davas purina...
- não sejas lamechas
- podias...
- vamos fazer o seguinte, eu prometo que falo de ti no meu blog, e tu não comes mais pássaros, ok?
- e pões uma foto minha?
- não exageres.

Ainda...

Ainda se matam animais por prazer; ainda há comida com E's; ainda há internet de banda estreita; ainda há correio da manhã, electrodomésticos com fios, sumol de laranjas apanhadas do chão;
ainda há presidentes que perdem as eleições e ficam a ganhar; ainda há quem pense que o preservativo seja luxo; ainda se vendem DVD's com a abelha maia;
ainda há quem coma os excessos que a outros falta;
ainda há quem tire a vida sem direito; ainda há quem não pense; quem não veja; quem não seja; quem não sinta...

Corografia do Algarve I

Estranho este Algarve aqui que ferve
onde a desolação redobra até que tudo cubra
até haver húmidas lágrimas nas folhas velhas
na terra indefinida e plana que a custo serena

Ruy Belo

Gillette turbo diesel

No natal, ofereceram-me uma Gillette turbo III, eu tinha uma turbo I.
Que maravilha, bem, mas que diferença.
Isto é como passar de comida "Orlando " para "purina" (os meus cães (lá vem ele com os cães) começaram por comer purina, depois pedigree, e agora comem do Lidle e sabe a pato).
Esta Gillette turbo III Gti, tem três lâminas, o que faz toda a diferença.
O quê que vem a seguir? Quatro, cinco lâminas? Óleo alóe-vera em spray com sensores nas pontas das lâminas para pêlos finos ou grossos? design António Tenente? colunas Hi-fi? web (enquanto se barbea)? com possibilidade de mandar mensagens via msn ou telemóvel?
Fazer a barba é chato com ou sem turbo.

A propósito dos dias úteis...

Os dias úteis são de segunda a sexta. Hoje é Sábado, portanto, é um dia inútil.
Vejamos algumas coisas que se podem fazer num dia inútil.
Levantar tarde; não comer uma refeição no espaço de uma hora; passar o dia fora; passar o dia a ler e a ouvir música; nada; passar o dia com um amigo; chegar ao último nível de um jogo de computador no modo difícil; comer francesinhas com frio; amar em horário de expediente; passar o dia na praia; passar o dia; apenas por passar; viajar sem bússola e sem relógio, sem medo de quebrar o tempo, sem preocupação de chegar a horas;
fotografar o mesmo sítio em horas diferentes...
Amanhã vou corrigir testes... já me está a dar azia.

Amanhã...

Amanhã é outro dia.
Não quero saber se é segunda ou sexta-feira, nem se é dia útil ou inútil.
Apenas quero pensar que amanhã vou de novo beijar-te.

Vende-se, dá-se, recompensa-se...

Tenho um cão chamado Óscar.
O cão é do piorio.
Já sei, estão a pensar: " que exagero, o cão até parece fofinho..."; enganam-se.
O cão (este) é o pior inimigo do Homem (eu, neste caso).
Não vou descrever o comportamento do cão, porque daria só por si um blog.
É equivalente (dizem, eu não sei) a um 605 forte tomado aos poucos.
É um cão diferente (hehe, para aguçar o apetite de algum masoquista), é um cão sempre presente (mesmo quando não deve).
Oscar, querem?

P.S.
Zé, 5 anos de férias no Algarve, com tudo grátis, e em troca ficas com o cão, mas para sempre... (promoção válida até o cão morrer (espero serenamente esse dia, lol), para um amigo do coração).

Castelo de Paderne

Percorri um vasto planalto de cores subtis de mar e arvoredo, sem dar conta do sítio onde estava. Vim acompanhado, mas achei-me aqui, neste lugar onde o meu ver queria continuar num percurso sem fim, e as pedras se cobriam de pó e de matérias orgânicas.
A folhagem que vestia o chão anunciava a minha chegada num tempo que se queria ausente.
As robustas paredes de massas arenosas erguiam-se num espaço horizontal e os pássaros descansavam no entardecer.
Estive lá em cima. Bem lá em cima!
Naquelas nuvens de Sol que me aqueciam o corpo e me deixavam adormecido no seu conforto. Soube tão bem!
Mas tive que descer. Julgo que me esperavam num outro lugar, o qual me ia esquecendo aos poucos. Era como se houvesse uma mão com uma borracha que me apagava lentamente.
Prossegui caminho pelas rochas arenosas; Pelas árvores de luzes incandescentes, de folhas tilintantes;
Pelo movimento, do vento, do vento que voa!
E me levou a planar rente ao chão alvo de luz

Discurso político

A minha posição face à emblematização socio-politico-cultural sezomática, recai no endofomismo a que a inércia anafórica tem vindo a proliferar metafóricamente, dissecando um pluralismo socio-crónico que há muito não se via.
Não vos prometo uma solarização coxiana biométrica plena nos seus atributos gencianos. Mas uma coisa vos garanto, comigo não haverá prolóquios axiomáticos, nem sistemas de proposições fundamentais de uma construção hipotético-dedutiva.
Na caulificação diplóide facínora, há que ter auto-confiança nos outros.
Eu cá, farei das tripas, cação.
Força Portugal.

mia, mas ladra...

A minha cadela chama-se Mia.
Há anos que oiço a frase: "mia..., então não ladra?", quando digo o nome da minha cadela (foram meia dúzia de vezes, mas digo anos para parecer que foram muitas).
Na revista MAD, havia (não sei se ainda há), uma página dedicada a perguntas estúpidas. Será que se inspiraram nessas perguntas?

Vírus musical

Adoro a voz e a simpatia do João Almeida, apaixonou-me pelo programa da Antena 2, que apresenta.
Logo de manhãzinha, que maravilha, que descontração e inspiração para um dia de trabalho que se aproxima.
João Almeida, grande bem haja.
Certo dia, apresentou-me uma música, (eu sou muito curioso e aberto a novas experiências musicais, digo eu). Não se ficou pela apresentação da música, mas dissecou uma história acerca da construção da mesma, que me encantou e aumentou a minha curiosidade em relação ao tema que iríamos ouvir.
Música minimalista, lá está, provocou uma virose em todo o corpo.
Mas antes da infecção, e como eu ia a dizer, vamos lá ouvir o tema... "Jesus blood never failed me yet".
Primeiro minuto... despertou o interesse;
Segundo minuto... deixa lá ver o que isto dá;
Terceiro minuto... epá, já começa a ser repetitivo.
Eu entrava nesse dia às 8:30, primeira aula do dia.
8:20 - começa a música (um bêbado a cantar duas frases, colocadas em loop + orquestra).
8:30 - excerto final da música com Tom Waits; tenho que ouvir o final (para ver se é diferente do início).
8:33 - desliguei o rádio com o Tom Waits ainda a divagar (ou seria devagar)...
Cinco dias depois - hoje, ainda penso no raio da música...
Mas que raio de vírus me pegaste João?